Os G0ys: Religião, Sexualidade, Gênero e Identidades Homoeróticas na Contemporaneidade

Flavio Braune Wiik

Resumen


O presente artigo versa sobre um coletivo masculino denominado G0ys. Sua visibilidade e formas de sociabilidade predominantes se dão através de um sítio aberto disponível na rede mundial de computadores (http://www.g0ys.org). Afirmam constituir um movimento composto por homens com orientação homoerótica alicerçado em restrições a determinados tipos de práticas e desejos (tais como sexo anal insertivo ou passivo), a comportamentos ou papéis de gênero considerados "femininos" ou "gays". Tais restrições são balizadas pela "G0y-Centric Theology", teologia alicerçada em textos judaicos e cristãos cujo repertório sacralizado media a ressignificação e o reordenamento do cosmos, das escatologias, assim como dos desejos, interações, estéticas, ideais de gênero homoeróticos tidos pelos G0ys como "abençoados". A teologia g0y congrega e agrega homens de várias partes do mundo que se organizam em "grupos" virtuais segundo especificidades e características singulares. Paradoxalmente, os G0ys criticam os valores liberais que têm caracterizado os movimentos das ditas "minorias sócio-sexuais". Rejeitam a política do "coming out", os estereótipos incorporados pelos "gays" tidos como "fonte de desgraças, pecados, doenças e imoralidade". Argumenta-se que evento e estrutura se articulam dialeticamente, pois virtualidade, novas tecnologias, diversidade como valor, liberdade sexual e novas identidades de gênero contemporâneas justapõem-se ao sedimentado campo e fenômeno religiosos. Seu poder inerente é apropriado pelo coletivo g0ys, fazendo com que o sagrado se replique e se transforme ao mediar construções particulares de sentido, ao estabelecer alianças e contrastes entre os grupos e indivíduos, ao criar novas redes sociais, assim como prover forma a práticas e identidades homoeróticas atuais.

Palabras clave


Religião; Virtualidade; Homoerotismo; Redes sociais; Papéis de gênero

Texto completo: PDF



Copyright (c) 1969 Flavio Braune Wiik

Licencia de Creative Commons
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.