Vozes e algozes: ressonâncias e afetações no processo de pesquisa com prostitutas na perspectiva epistemológica feminista

Jaqueline Bilhalva Maicá Brum, Sabrina Daiana Cunico, Carmem Regina Giongo

Resumen


Este artigo teve o objetivo de refletir sobre o processo de uma pesquisa realizada com mulheres profissionais do sexo, sinalizando as reverberações e afetações da investigação na pesquisadora, a partir de uma perspectiva epistemológica feminista. A pesquisa que deu origem a este trabalho propôs-se a ouvir três mulheres profissionais do sexo, as quais foram entrevistadas em diferentes espaços: uma boate, um café e uma sala comercial. A partir da análise dos diários de campo produzidos ao longo do percurso metodológico e para fins de apresentação das inquietações produzidas, categorias de análise foram elencadas. A primeira, intitulada “O processo da pesquisa(dor)a”, aborda as ressonâncias da pesquisa na pesquisadora, sendo as demais: “Quanto tu paga?”: dominação masculina; “Ela não tinha ninguém por ela, não valia nada...”: narrativas de resistência; “A patroa tá te esperando!”: sobreposição de preconceitoe “Tem afeto, além de sexo”: identidade e reconhecimento enquanto mulheres, relacionadas às vivências e narrativas das mulheres entrevistadas. Como principais reflexões, evidencia-se que o preconceito reproduzido nos discursos machistas reverbera na segregação de ser mulher e ser prostituta. Porém, na contramão dos discursos patriarcais, as narrativas das entrevistadas também revelam caminhos de resistência frente aos desafios sociais e culturais que a profissão estabelece. Conclui-se que é necessário construir mais espaços em que os discursos das mulheres possam ecoar no sentido de produzir ciência a partir da potência das vozes femininas.

Palabras clave


Mulheres; prostituição; pesquisa qualitativa; metodologia

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