Consumo De Crack, Mulheres e Internação Compulsória: reflexões sobre saberes à luz da teoria das representações sociais

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Maria Eduarda Freitas Moraes
Adriane Roso
Moises Romanini
Karolina Kuhn Wurdig
Valentina Pezzi

Resumo

A relação dos seres humanos com as drogas tem sido permeada por conflitos e ambiguidades. Os saberes sobre consumo de drogas são disputados por diferentes áreas de conhecimento. No Brasil, pessoas que fazem uso de crack vêm se tornando alvos de internações forçadas. Neste artigo, pretende-se refletir sobre a (re)construção e (trans)formação de saberes a partir de experiências de mulheres que estiveram internadas compulsoriamente devido ao consumo de crack. Para tanto, realizamos entrevistas narrativas com três mulheres brasileiras. A análise foi pautada na Teoria das Representações Sociais. As narrativas demonstram sentimentos de ambiguidade tanto na relação com a droga quanto em relação à experiência de internação, ainda que esta última seja percebida como uma medida violenta. Também demonstram a pouca efetividade da internação por ser desconexa do cotidiano. A (re)construção de saberes se dá de forma limitada, uma vez que é também restrita a abertura para o diálogo e para a alteridade no contexto de internação e na sociedade. A experiência subjetiva de violência vivida pelas participantes na internação repercute na reprodução de uma lógica autoritária e individualista em relações cotidianas.

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Seção
Artículos de Investigación
Biografia do Autor

Maria Eduarda Freitas Moraes, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Núcleo VIDAS – Ensino, Pesquisa e Extensão em Psicologia Social Crítica.

Adriane Roso, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Psicóloga e Professora Associada (Dedicação Exclusiva) na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (Graduação/Mestrado). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Pós-Doutora em Comunicação (UFSM). Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia, com Doutorado Sanduíche (Columbia University), sendo Fulbright Alumni. Especialista em Saúde Pública (UFRGS/ FIOCRUZ/ ESP/RS) e em Gestão em Saúde (UFRGS). Certificada em Aconselhamento em Álcool/Drogas (University of California - UCLA). Coordena o "VIDAS - Núcleo de pesquisa, ensino e extensão em Psicologia Clinica שלם Social" (UFSM) e Lidera o Grupo de Pesquisa "Saúde, Minorias Sociais e Comunicação". Membro Efetivo do Grupo de Trabalho 66 "Representações Sociais" da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) e vice-coordenadora do GT (2015-2016). Áreas de Pesquisa: psicologia social, psicologia e política, saúde coletiva, estudos de gênero e comunicação social. Temas de interesse: minorias sociais, violência, direitos sexuais/reprodutivos, (ciber)mídia, consumo de drogas. Perspectivas Reflexivas: Psicologia Social Crítica e afinidades (Teoria das Representações Sociais, os Estudos de Gênero, Teoria da Dominância Social e Estudos da Cultura Material). Em contextos clínicos, tem afinidade com a Psicanálise. Visite nosso Blog: www.psicologiasocialbrasileira.blogspot.com http://orcid.org/0000-0001-7471-133X

Moises Romanini

Doutor em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. 

Karolina Kuhn Wurdig

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Núcleo VIDAS – Ensino, Pesquisa e Extensão em Psicologia Social Crítica.

Valentina Pezzi

Graduanda em Letras Português – Bacharelado da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Núcleo VIDAS – Ensino, Pesquisa e Extensão em Psicologia Social Crítica.