Discriminação positiva para acesso e atendimento em atenção primária à saúde e repercussões no perfil de clientela: estudo com mulheres de maior vulnerabilidade à exclusão social em São Paulo.

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. Marta Campagnoni Andrade, Cláudia Renata dos Santos Barros y Lilia Blima Schraiber

Resumo

Estuda-se o impacto no perfil da clientela feminina de serviço de atenção primária à saúde, devido a ações específicas de inclusão assistencial para grupos populacionais de maior vulnerabilidade à exclusão social. Trata-se de moradoras de rua, de favela e profissionais do sexo que possuem dificuldades de acesso e de vinculação à atenção rotineiramente oferecida nos serviços. Investigou-se o Centro de Saúde Escola Barra Funda (CSEBF), pertencente à rede pública do sistema de saúde brasileiro (SUS) e que além do funcionamento usual do SUS, desenvolve política de ação afirmativa para aqueles grupos. Foram estudadas algumas características sociais, demográficas, de saúde sexual e reprodutiva e a prevalência de violência por parceiro íntimo, entre usuárias do CSEBF. Aplicou-se questionário por entrevista face-a-face a 481 mulheres de 15 a 49 anos, sendo 199 usuárias com discriminação positiva (CDP), das quais 70 profissionais do sexo, 64 moradoras de rua e 65 moradoras de favela, e 292 usuárias sem discriminação positiva (SDP). Os resultados apontam diferenças significativas entre ambos subconjuntos de usuárias quanto à idade, escolaridade, condição sócio-econômica, início da vida sexual, abortamento, gravidez, violência por parceiro íntimo e percepção de violência, mostrando que a política de inclusão permite acolher usuárias com necessidades de saúde diferenciadas que sem a discriminação positiva restariam invisíveis para o sistema de saúde. Conclui-se que grupos mais vulneráveis à exclusão social requerem políticas protetoras para serem usuários mesmo em sistemas como o SUS, que por lei dá direito a acesso universal à assistência em saúde.

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Seção
Artículos de Investigación
Biografia do Autor

. Marta Campagnoni Andrade, Cláudia Renata dos Santos Barros y Lilia Blima Schraiber

Marta Campagnoni Andrade. Mestre em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina (Medicina Preventiva) da Universidade de São Paulo; Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (Medicina Social) e Coordenadora da Atenção Básica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Cláudia Renata dos Santos Barros. Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Membro do Grupo de Pesquisa em “Violência e Gênero nas práticas de Saúde” da Faculdade de Medicina (Medicina Preventiva) da Universidade de São Paulo
 
Lilia Blima Schraiber. Professora da Faculdade de Medicina (Medicina Preventiva) da Universidade de São Paulo e líder do Grupo de Pesquisa em “Violência e Gênero nas práticas de Saúde” da Faculdade de Medicina (Medicina Preventiva) da Universidade de São Paulo.